O livro do desassossego - Fernado Pessoa

"Tenho mais pena dos que sonham o provável, o legítimo e o próximo, do que dos que devaneiam sobre o longínquo e o estranho. Os que sonham grandemente, ou são doidos e acreditam no que sonham e são felizes, ou são devaneadores simples, para quem o devaneio é uma música da alma, que os embala sem lhes dizer nada. Mas o que sonha o possível tem a possibilidade real da verdadeira desilusão."

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Rosas danst rosas


ANNE TERESA DE KEERSMAEKER
ROSAS DANST ROSAS
Obra filmográfica de 1996, baseada no espetáculo homônimo de 1983. Obviamente não posso comparar ambas, já que nasci em 1981.
O vídeo é interessante e ao mesmo tempo cansativo. Li como um colégio interno, ou um presídio para meninas, não para mulheres. Parece retratar movimentos do cotidiano de forma estilizada, misturado a movimentos da dança clássica e moderna.
Esses movimentos são incansavelmente repetidos em diversas seqüência. Tem haver com nosso dia a dia. Vi momentos de dúvida, acordos, insegurança, segurança, decisões; no entanto, parece retratar um dia no cotidiano deste lugar. Não um dia comum, um dia onde um grupo consegue superar os limites dos muros institucionais. Não vemos os gestores, mas eles parecem ser parte das paredes.
Ainda assim, quando esse grupo se liberta e passa a noite entre si, com suas indagações, ao final do êxtase vem o cansaço e elas, assim como todos nós, retornam para a zona de conforto, para o abrigo, tornando aquelas sensações parte de uma experiência findada.
Dá-me a sensação de questionamento sobre as nossas escolhas, sobre a sociedade acima de nossas vontades, sobre o militar, o poder que esmaga, a vontade dos outros. Questiona, sem dúvida, nossa rotina. Ou o que fazemos dela.
Interessante que as bailarinas foram cuidadosamente selecionadas por tipo, ao que parece, já que muitos dos movimentos têm relação com o cabelo comprido, o corpo esguio, os seios pequenos, o mostrar-esconder do corpo, sua venda ou troca por algo que nem sempre é o que se deseja a fundo.
Pense...

São Paulo, 20 de setembro de 2011. Karina Yamamoto

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