O livro do desassossego - Fernado Pessoa

"Tenho mais pena dos que sonham o provável, o legítimo e o próximo, do que dos que devaneiam sobre o longínquo e o estranho. Os que sonham grandemente, ou são doidos e acreditam no que sonham e são felizes, ou são devaneadores simples, para quem o devaneio é uma música da alma, que os embala sem lhes dizer nada. Mas o que sonha o possível tem a possibilidade real da verdadeira desilusão."

terça-feira, 21 de agosto de 2012

O JARDIM - Cia. Hiato

Direção e Dramaturgia:Leonardo Moreira
Elenco: Aline Filócomo,
Fernanda Stefanski
Luciana Paes
Mariah Amélia Farah
Paula Picarelli
Thiago Amaral

Ator Convidado:Edison Simão
Cenário:Marisa Bentivegna e Leonardo Moreira
Iluminação:Marisa Bentivegna
Figurinos:Theodoro Cochrane
Trilha Sonora:Marcelo Pellegrini - Surdina Produções Musicais
Treinamento Corporal:Amanda Lyra
Produtor Executivo:João Victor d'Alves
Gestão:Aura Cunha
Produção:Cia. Hiato

(Foto Divulgação - site da Cia Hiato)

     A Cia Hiato volta em cartaz , com O JARDIM no TUSP - Maria Antonia, em São Paulo, com apresentação até o dia 26/08/12. Este é um espetáculo que vale a pena conferir, tanto vale que a busca por ingressos se tornou uma corrida maluca. Já antes de abrir a bilheteria sérios desentendimentos acontecem, um por parte do público desesperado para assistir, outro porque a organização do TUSP permite a compra de muitos ingressos por pessoa, logo o primeiro da fila se dá o direito de adquirir quase todos. Ultrapassando esta saga, você adentra a sala de espetáculo e é convidado a adentrar o jardim, onde diversas situações, encontros e desencontros acontecem.
    O espetáculo é visualmente incrível, possui um cenário enorme montado com caixas de papelão que transformam o palco em vários espaços simultâneos, apartamentos onde vivem famílias diferentes, ou a mesma geração de uma família ao mesmo tempo, em interação. De forma brilhante Leonardo Moreira encontrou espaço no texto para brincar com estes grupos familiares que interagem entre si através de sons, gestos e texto milimetricamente organizado.
    A interpretação por parte dos atores é um desbunde, em destaque ao casal Fernanda e Thiago que a princípio não me tocavam, mas ao decorrer da cena me conduziram ao universo de um final de uma relação conturbada e infeliz. A tristeza no núcleo Luciana, Mariah Amélia e Simão que dividem uma festa melancólica é em seguida (na sequência que assisti) preenchida pela comicidade de Aline e Paula, que na podridão do homem enquanto ser social degrada aqueles que o cercam com ironia.
    Quando me referi logo acima a sequência, é porque tive a chance de assistir as sequências familiares em ordem cronológica - isso porque o público é dividido em três grandes grupos - e o grupo que fiquei diria que foi agraciado. Repensei como seria assistir nas outras sequências, mas acredito que mastigado como foi, como uma história a ser contada do começo ao fim, é confortável. Isso porque de outra maneira não seria de trás para frente, seria fim, começo e meio; ou meio, fim e começo. Opto pela cronologia. 
    Por fim, creio que a grande beleza do espetáculo está na simultaneidade de textos  diferentes com partes semelhantes nas três cenas, na composição inusitada do espaço, no som que se mistura no espaço e na precisão dos atores em cena. Logo vemos que a direção foi bastante pontual neste espetáculo! 
    Para aqueles que ainda não assistiram, vale a pena enfrentar a fila, mas só tem mais um final de semana. Neste, o TUSP garantiu vender apenas dois ingressos por pessoa, então será menos tumultuado, boa sorte e bom espetáculo!

O-Z: WEST - Cia. Fanny & Alexander

Um dos espetáculos da Trilogia O-Z da Cia. Fanny & Alexander
Criação: Fanny & Alexander
Direção, cenário, luz: Luigi de Angelis
Atuação: Francesca Mazza


WEST (OESTE)
(Mostra Sesc de Artes - Foto divulgação)

    Este foi o segundo espetáculo que assisti desta Cia, o terceiro da trilogia. Diferente de Emerald City, a forma de comover ou afetar o público não era centrada no som, ainda que houve um ruído insistente durante quase todo o espetáculo. Ruído pois era um som incômodo, deslocado do que víamos e se essa era a proposta ela não afetava, incomodava.
    Em cena uma atriz experiente, um cenário que beirava o espressionismo e ações construídas a partir de partituras, o texto interessante, era um espetáculo que eu realmente acreditava e o assisti acreditando, mas a conexão não aconteceu. Passei todo o tempo esperando algo que ainda não descobri o que era, mas que faltou para que houvesse sintonia entre o proposto e o público presente. Ou que houvesse repulsa, enfim, que algo acontecesse, que não fosse apenas contemplativo, no entanto foi oque ocorreu: uma peça para contemplar, aplaudir o trabalho e ir para casa. Fiquei triste com isso por três motivos: o primeiro era o de saber que o emaranhado entre interpretação, direção e dramaturgia estavam coerentes e nada acontecia, o segundo era por não ter resposta para que nada acontecesse, e o terceiro era estar ciente de que o nada e a tristeza que sentia não tinham relação com a encenação.
    Já em casa, num pensamento maldoso e reconfortante cheguei a conclusão de que mesmo as grandes Cias também erram!




O-Z: EMERALD CITY - Cia. Fanny & Alexander (Ita)

Um dos espetáculos da Trilogia O-Z
Criação: Fanny & Alexander
Idealização: Chiara Lagani e Luigi de Angelis
Músicas: Mirto Baliani
Vídeo: ZAPRUDERfilmmakersgroup
Dramaturgia: Chiara Lagani
Direção, Cenário, luzes: Luigi de Angelis com Marco Cavalcoli
Construção de Cenários: Nicola Fagnani, Amir Sharif-Pour

Vozes e Atores que são depoimentos pessoais, são de diversos países: veja link Mostra Sesc de Artes.

 TRILOGIA O-Z - Cia. Fanny & Alexander – (ITA)
(Foto divulgação)

    No final de julho tive a oportunidade de conhecer ao vivo o trabalho da Cia Fanny & Alexander através de dois espetáculos da trilogia O-Z, não tive a oportunidade de ver o terceiro, ou o primeiro (HIM), como preferir. Por isso, primeiro vou me ater ao Emeral City, espetáculo de grande impacto sonoro. São 70 minutos de confusão e desespero para o público que ouve insistentemente e intensamente uma profusão de historias contadas por diversas vozes em diversos idiomas e que se intercalam ou intercruzam. Em cena uma figura que remete a Hitler e que tem movimentos pequenos e lentos, ao mesmo tempo em que uma profuzão de luzes desenha o cenário, ou um cenário, já que trata-se de uma placa branca com um vazado.
    De forma sensorial, este espetáculo muda a percepção do público em relação ao que ouve e vê, e trata-se de tanta intensidade em não-movimento que cria-se uma tensão para quem o assiste, o ouve, que só se percebe ao final, no silêncio, na escuridão. De forma segura posso afirma que este espetáculo incomoda, fere o público e creio que seja esta a proposta ao encená-lo. Nada comum, linguagens diversas das artes inseridas em 70 minutos de experiência aparemente sensória, mas que afeta de forma dolorida, fisicamente, o público.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

BOM RETIRO 958 METROS - TEATRO DA VERTIGEM


Ficha Técnica
Dramaturgo Joca Reiners Terron
Concepção e Direção Geral Antônio Araújo
Co-direção Eliana Monteiro
AtoresLuciana Schwinden
Mawusi Tulani
Roberto Audio
Raquel Morales
Sofia Boito
Conrado Caputto
Kathia Bissoli
João Attuy
Icaro Rodrigues
Samuel Vieira
Bia Bouissou
Naiara Soares
Renato Caetano
Elton Santos
Atriz convidada residente Laetitia Augustin-Viguier
Desenho de luz Guilherme Bonfanti
Direção de Arte Carlos Teixeira
Co-direção de arte Amanda Antunes
Figurinos Marcelo Sommer
Imagem Grissel Piguillem
Trilha Sonora original Erico Theobaldo e Miguel Caldas
Produção Executiva Stella Marini 
Direção de Produção Teatro da Vertigem e Henrique Mariano
Cartaz e divulgação do espetáculo


 BOM RETIRO 958 METROS De 15/6 a 30/9, qui. a sáb. 21h; dom. 19h (recomenda-se chegar 15 min. antes para ir até o ponto de partida). Oficina Oswald de Andrade: R. Três Rios, 363, Bom Retiro, tel. 3255-2713. Gênero: drama. Duração: 110 min. Classificação: 16 anos. Ingressos (só antecipados): R$ 30. Onde comprar: com taxa pelo 4003-5588 ou pelo ticketsforfun.com.br.
Escrito por Humberto Issao Sueyoshi:

Primeiramente, gostei muito do trabalho Bom Retiro 958 metros. Me diverti muito, não senti a passagem do tempo, apreciei muitas das imagens poéticas que foram criadas, os atores estavam em sua maioria bastante apropriados e com uma presença cênica marcante, saindo satisfeito e enriquecido por ter presenciado mais esse trabalho do Teatro da Vertigem. 
Tendo dito isso vou me aprofundar um pouco sobre minhas próprias impressões. 
Diferentemente, por exemplo do Livro de Jó, que eu vi muito novo quando começava a fazer teatro, não tive uma conexão emocional com o espetáculo. No Livro de Jó, essa conexão emocional foi tão forte que guardo na memória a sensação de desespero que algumas cenas me trouxeram, em muitos sentidos virulenta e que impregnou-me durante anos e até hoje é uma referência. Já Bom Retiro esteve conectado à minha razão, como se o trabalho apelasse à minha consciência. É um trabalho muito detalhista e com diversas costuras dramatúrgicas o que foi muito interessante. Reconheci pelo menos 9 linhas de entrelaçamento: "a crente", "os trabalhadores", "o agente transgressor", "o rádio", "os consumidores", "os excluídos", "os manequins", "a noiva" e "as costureiras que nunca dormem", algumas dessa linhas bastante sutis outras bastante grifadas. Esse entrelaçamento, esse trançado dramatúrgico proporcionou não uma sensação de colcha de retalhos (que parece que a enfase está nos retalhos), mas de uma manta de tear feita de lá mesclada (quando as cores estão na mesma linha - conectas portanto - mas cada qual em um lugar, de forma que no resultado final esse mesclado fique de difícil reconhecimento de onde começa uma cor e acaba outra).
(Foto divulgação)
Acredito que parte do motivo do trabalho parecer se conectar mais a minha razão que às minhas emoções se deve ao fato de que o tratamento em linhas gerais não ser levado ao extremo, do sofrimento não danificar a carne, apesar de afetar as ações. Essa indústria do consumo é muito intensa (lembro que quando li Sem Logo da Noemi Klein, o livro me chocou, afetando meu corpo, e minha forma de lidar com as marcas, os relatos de como funcionava o mercado internacional foi impressionante, era possível sentir na carne algumas das impressões que ela escreveu), mas não sei se o trabalho me afeta nesse ponto. 
É admirável o aspecto técnico de iluminação - foram soluções incríveis e muito inspiradas. No quesito condução do público, vc tem razão de que não é um trabalho fácil e o próprio público não ajuda muito - penso que talvez alguns banquinhos em determinados pontos resolveriam a questão, mesmo assim em nenhum momento senti que o percurso era gratuito. Essas foram as considerações gerais.
Outras reflexões mais desconexas seriam:
Senti a ausência de orientais na peça, principalmente por ser no Bom Retiro (orientais coreanos de fato, eles apareceram como referência no núcleo dos manequins, mas acho pouco), e a sua estrutura cultural, a forma como eles agem, até da língua deles senti falta e acho uma ausência pois eles, mesmo poucos, transitam pelas ruas durante a peça.
Das peças que assisti do Teatro da Vertigem é a primeira que eu encontrei bom humor e acho isso bom e enriquecedor.
Os carros me preocupavam, mesmo com os assistentes na rua, ficava temeroso por eles e às vezes por mim. Acho que um aviso em letras grandes no programa seria de bom tom, o mesmo vale para: abaixe quando estiver na frente da cena, não acho que atrapalhariam e acho que realmente ajudaria. 
A dramaturgia é excepcional, os trabalhadores anônimos, as costureiras que nunca dormem e toda a cadeia produtiva do consumo se entrelaçando e se esticando foram muito interessantes, mas não sinto que elas tensionam-se no limite. O que quero dizer é que cada linha, quando  partida - entre aspas -  ao final do espetáculo, não chega a arrebentar, como se ela fosse esticada ao limite, é mais como se a linha fosse colocada de lado por outra que é vendida - entre aspas - como mais brilhante. 
As intervenções nas fachadas dos prédios são incrivelmente poéticas e interessantes, mas sinto que faltou um pouco de diálogo entre a atuação e as projeções.
(Foto: Flavio Morbach Portella / Divulgação)
Tanto em O livro de Jó, quanto em Apocalipse eu como espectador tinha uma função - entre aspas - a de testemunha. Em Bom Retiro, não me sinto como testemunha, sinto-me como espectador e acho que preferia ser mais testemunha que espectador. Acho que o motivo disso é que apesar da dramaturgia ser uma manta que cobre tudo, a ausência de um único ser (talvez?) que fizesse esse papel de testemunha e me colocasse nesse papel, também seria interessante. Apesar da "crente" poder fazer esse papel, acho muito tímido. Outra opção seria que na dramaturgia das outras linhas esse fato se colocasse (Tipo: vcs são testemunhas, que em parte acontece no núcleo dos excluídos, mas que para que nós - público - nos sentíssemos assim, isso talvez tivesse que ser reforçado).
Bom acredito que seja isso. Talvez com os dias pensando mais e deixando a peça decantar outras reflexões apareçam, e como estou conversando com outros amigos que viram a peça novas coisas se revelem....

Por Humberto Issao Sueyoshi.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

HISTÓRIA DO TEATRO BRASILEIRO: VOLUME I

LANÇAMENTO - Editora Perspectiva

A  Editora Perspectiva lança uma preciosidade para os artistas de teatro no Brasil, vale a pena divulgar e conferir. - Karina Yamamoto


HISTÓRIA DO TEATRO BRASILEIRO: VOLUME I
DA ORIGENS AO TEATRO PROFISSIONAL DA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX

João Roberto Faria (direção)

TEATRO
Livros sem coleção
ISBN 9788527309462
504 páginas
898 gramas
18x25,5 cm
R$ 95,00

Com este primeiro volume da História do Teatro Brasileiro, vai chegando a termo um projeto longamente acalentado pela editora Perspectiva, o qual, a partir de 2002, começou a ser concretizado, sob a direção de João Roberto Faria, com a participação de um corpo de colaboradores de notória competência teórica e crítica e ora coeditado pelas Edições SESC-SP. Trata-se, pois, de uma obra coletiva; e nem poderia ser diferente dada a amplitude, diversidade e profundidade que o movimento teatral e os trabalhos em arte dramática assumiram em nosso país como efetiva resposta do que ocorre internacionalmente nesse domínio. E, pelo que se poderá ler neste tomo, ver-se-á, queremos crer, que ele reúne não só o saber e a pesquisa dos autores participantes como, no conjunto, uma concepção historiográfica que, sem atribuir peso descabido à sua novidade, traduz os debates, os pontos de vista e os reclamos dos processos artísticos, sociais e culturais ora em curso nos palcos nacionais sob as luzes eletrônicas e globalizadas da atualidade cênica. Não será, portanto, pretensão afirmar que uma súmula dessa natureza, de há muito desejada pela crítica e pelos estudiosos do teatro na universidade, na imprensa e, mais que todos, pelos que praticam diuturnamente a arte da representação clássica ou performática, encontra-se agora à disposição do público leitor.
Atento às várias épocas e modos de realizar a arte teatral no Brasil, este primeiro volume, Das Origens ao Teatro Profissional da Primeira Metade do Século XX, considera e avalia as suas inter-relações e diferenças. O teatro jesuítico, por exemplo, requer uma abordagem diacrônica, voltada mais para um trabalho arqueológico, em virtude da escassez documental e textual em que está envolvido esse fazer teatral, muito embora as páginas a ele dedicadas tenham recebido o sopro de uma tentativa de captar sua realidade enquanto expressão de uma arte que só se materializa por sua vida no aqui e agora. Assim sendo, relevam não só os aspectos ligados ao escrito dramatúrgico, como tudo o que ele envolvia para expor-se e comunicar-se com seu espectador, num movimento de captura do processo vivo das primeiras manifestações teatrais no Brasil Colônia. Subsequentemente, o mesmo propósito e os mesmos instrumentos de abordagem estendem-se aos desdobramentos anteriores do teatro em cena até meados do século XX, quando o “teatrão”, embora conservando espetáculos e artistas de vitalidade convincente, é questionado por novas propostas com atrevimentos da vanguarda e embasamento nas realidades socioculturais de novas formas da existência coletiva. É claro que esse percurso diacrônico propõe, desde logo, um enfoque mais centrado no exame crítico e teórico sincrônico dos problemas constantes na ordem do dia do teatro contemporâneo – é o que faz Do Modernismo às Tendências Contemporâneas, o segundo volume desta História do Teatro Brasileiro.
[J. GUINSBURG]


Colaboradores do Volume
Alessandra Vannucci * Angela Reis * Claudia Braga * Daniel Marques * Décio de Almeida Prado (1917-2000) * Elizabeth R. Azevedo * Fernando Antonio Mencarelli * Flávio Aguiar * Francisco José Pereira das Neves Vieira * Ivete Susana Kist * João Roberto Faria * Luiz Fernando Ramos * Maria Helena Werneck * Marta Morais da Costa * Neyde Veneziano * Níobe Abreu Peixoto * Rubens José Souza Brito * Tania Brandão * Vilma Arêas * Walter Lima Torres Neto

Sumário
NOTA EDITORIAL [J. Guinsburg e João Roberto Faria] 11
O LOCUS DO SUJEITO [Danilo Santos de Miranda] 13
INTRODUÇÃO:
    POR UMA NOVA HISTÓRIA DO TEATRO BRASILEIRO [João Roberto Faria] 15

I. AS RAÍZES DO TEATRO BRASILEIRO
1. O Teatro Jesuítico [Décio de Almeida Prado] 21
2. Entreato Hispânico e Itálico [Décio de Almeida Prado] 38
3. A Herança Teatral Portuguesa [Décio de Almeida Prado] 52

II. O TEATRO ROMÂNTICO
    1. O Advento do Romantismo [Décio de Almeida Prado] 67
    2. A Tragédia e o Melodrama [Ivete Susana Kist] 75
    3. O Drama [Elizabeth R. Azevedo] 94
    4. A Comédia de Costumes [Vilma Arêas] 119
    5. A Arte do Ator e o Espetáculo Teatral [Luiz Fernando Ramos] 137

III. O TEATRO REALISTA
    1. A Dramaturgia Realista [João Roberto Faria] 159
    2. Os Ensaiadores, os Intérpretes e o Espetáculo Teatral Realista [João Roberto Faria] 185
    3. O Pensamento Crítico [João Roberto Faria] 201

IV. O TEATRO DE ENTRETENIMENTO E AS TENTATIVAS NATURALISTAS
    1. O Teatro Cômico e Musicado:
    Operetas, Mágicas, Revistas de Ano e Burletas [Rubens José Souza Brito] 219
    2. A Continuação da Comédia de Costumes [Flávio Aguiar] 233
    3. Artistas, Ensaiadores e Empresários:
    O Ecletismo e as Companhias Musicais [Fernando Antonio Mencarelli] 253
    4. Artistas Dramáticos Estrangeiros no Brasil [Alessandra Vannucci] 275
    5. O Naturalismo: Dramaturgia e Encenações [João Roberto Faria] 296

V. O TEATRO NO PRÉ-MODERNISMO
    1. A Permanência do Teatro Cômico e Musicado [Angela Reis e Daniel Marques] 321
    2. Uma Dramaturgia Eclética [Marta Morais da Costa] 335
    3. O Teatro Filodramático, Operário e Anarquista [Maria Thereza Vargas] 358
    4. Iniciativas e Realizações Teatrais no Rio de Janeiro [Níobe Abreu Peixoto] 371
    5. Artistas e Companhias Dramáticas Estrangeiras no Brasil
    [Walter Lima Torres e Francisco José Vieira] 388

VI. O TEATRO PROFISSIONAL DOS ANOS DE 1920 AOS ANOS DE 1950
    1. A Retomada da Comédia de Costumes [Claudia Braga] 403
    2. A Dramaturgia [Maria Helena Werneck] 417
    3. O Teatro de Revista [Neyde Veneziano] 436
    4. Os Grandes Astros [Tania Brandão] 455
    5. Os Ensaiadores e as Encenações [Walter Lima Torres] 479



Atenciosamente
Fernando Paiva
Editora Perspectiva
www.editoraperspectiva.com.br
http://twitter.com/editperspectiva

terça-feira, 26 de junho de 2012

BARAFONDA - Cia São Jorge de Variedades





Foto divulgação.
Ficha Técnica
CIA. SÃO JORGE DE VARIEDADES (CRIAÇÃO ARTÍSTICA): PROJETO BARAFONDA – O QUE VOCÊ VÊ DA SUA JANELA – INTERVENÇÕES BARAFONDA -  CASA DE SÃO JORGE, SÃO PAULO. ALEXANDRE KRUG, GEORGETTE FADEL, MARCELO REIS, MARIANA SENNE, PATRÍCIA GIFF ORD, PAULA KLEIN, ROGÉRIO TARIFA (AUTORES E DIRETORES), JULIO DOJCSAR, SATO, SILVANA MARCONDES – COLETIVO CASADALAPA (DIRETORES DE ARTE), CIBELE LUCENA (ILUSTRADORA), BRUNA LESSA, CACÁ BERNARDES (VÍDEO).



Karina Yamamoto
  Na tarde de sábado, 23/06, tive a oportunidade de acompanhar este espetáculo produzido pela Cia. São Jorge de Variedades. Com duração de quatro horas, confesso que só acompanhei as primeiras duas horas, isso porque haviam tantas pessoas assistindo que mais da metade das cenas eu não conseguia ver nem ouvir. Enquanto estávamos no Praça Marechal Deodoro, era possível acompanhar as cenas, mesmo lotado, mesmo de longe, mesmo sendo pequena, mas quando começou a caminhada pelo bairro percebi que não conseguia observar, ouvir as instalações propostas no percurso e por mais que me esforçasse, eram tantas pessoas brigando por um espaço que no momento de entrada na sede da Cia., não consegui entrar. Ali foi que desisti da observação e caminhei até a padaria mais próxima, pensando em como poderia ser o espetáculo, o que mais aconteceria? Seria todo ele feito de instalações espalhadas pelo bairro? Todas elas teriam a mesma estética do sujo, do andarilho, dos "walkers"paulistanos? Continuariam as cenas feitas como uma colcha de retalhos, como disse meu amigo Humberto Issao?
   Depois retornei e consegui ver mais algumas cenas, mas realmente não me conectei novamente como havia acontecido na praça, emocionalmente relacionada a figura de Prometeu. Acredito que a Cia não esperava um público tão grande, já que realmente não estavam preparados para isso, ou realmente não optaram por se adaptar a isso. Pude observar algumas cenas poéticas, mas a maioria das quais passei durante a caminhada não me diziam muita coisa, eram instalações visuais, sonoras. Fui embora antes do final, pois não estava apegada nem emocionalmente, nem racionalmente as cenas/instalações propostas. Algumas figuras eram bastante interessantes, como já dito Prometeu, um "Raul-13", um homem que foi embalado a um poste, mas não consegui compreender o entrelaçamento entre as cenas, parecia, como já citado, uma colcha de retalhos.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Rebelião dos Anjos - Grupo Art&Fato da Idade

REBELIÃO DOS ANJOS
Texto: Edilberto Mendes
Direção, cenografia, figurino e música: Affonso Lobo
Elenco: Grupo Art&Fato da idade






     Contato para contratação do grupo com a produção: 

     Affonso Lobo, tel.11 6066 3270 e 1 9748 1629;
    
     affonsolobo@yahoo.com.br

 Foto: Karina Yamamoto

   


A encenação foi realizada na EMEF Des. Silvio Portugal onde leciono, representada para o período noturno - EJA, na noite de terça (12/06/12), dia dos namorados. É importante ressaltar esta data, pois o tema do espetáculo relaciona-se ao sexo, na verdade a proibição dessa ação por parte do rei da fictícia Terra da Fortuna. Por isso, vários pedidos são lançados a todos os santos possíveis e também aos anjos. Esses estão rebelados, pois desejam assemelhar-se aos humanos e ter o órgão genital. Várias situações acontecem até a resoluçao final do rei em permitir o sexo desde que se use presertivo, já que assim todos evitariam o mal ao qual tal decreto inicialmente tentava combater, a peste (AIDS).
  Todas essas peripécias foram representadas pelo grupo Art&Fato da Idade, repare no complemento: da Idade. O grupo é composto por "jovens senhoras" que ao chegar a escola estavam falantes e quase todas haviam se perdido no caminho, logo estavam perdidas. Tive a incumbência de receber o grupo (já que eu havia feito o convite) e essas "meninas" nem se importaram em me dar explicações sobre o espaço necessário, equipamentos... e sabe-se que uma escola pública geralmente não tem recursos grandes para eventos. Também senti-me perdida.
   Aguardei a chegada de Affonso Lobo, o diretor, e ele quando chegou achou tudo ótimo, bem preparado e começou a ajeitar o espaço da encenação. Continuei perdida. Observava-os em sua preparação, todos muito seguros e tranquilos e eu me desesperava, já que não havia conseguido estabalecer muito diálogo com os participantes. 
   Inicia-se a apresentação, as atrizes inicialmente falando baixo, o público semi-comportado com a casa lotada (cerca de 130 alunos). Aos poucos a platéia silencia, as vozes das atrizes crescem, a magia toma o espaço não apenas da cena, mas como de todo o pátio da escola: a magia começava a acontecer e isso me chocou pois aquelas "meninas de idade" conseguiam uma postura cênica que muitos atores de carreira ainda não descobriram - ou ao menos eu ainda não vi. Uma delas, que não escutava nada do que eu falava logo que chegaram, representava majestosamente uma figura masculina. 
   Ainda durante,  elas trataram em cena sobre assuntos tabus ainda na sociedade: o sexo livre, a aids, as drogas, o uso do preservativo, e ainda ao final convidaram um aluno para subir ao palco para demonstrar a maneira correta de usar a "camisinha". Assuntos esses que muitas vezes são falados aos sussurros até mesmo por alguns jovens, sendo claramente levantados por aquelas jovenzinhas.
   Ao final de tudo, como se diz: "no decorrido", os alunos estavam satisfeitos, eu também. É raro encontrarmos um grupo de teatro amador que faz juz ao termo e o engrandece com um trabalho de qualidade. As cenas são bem marcadas, executadas com clareza, o cenário é simples e claro, o figurino ambienta as atrizes e a cena, a sonoridade acontece conjunta, o grupo é coeso e coerente a sua proposta, a apresentação é rápida e direta. Acredito que este espetáculo contém diversas qualidades positivas para ser levado as escolas e serve como referencia de trabalho para professores de teatro, de arte. Recomendo a divulgação ampla deste espetáculo e deixo claro que o grupo é disposto a apresentar em todas as escolas, basta entrar em contato com o diretor. Vão conferir!!!

domingo, 27 de maio de 2012

A Idade da Ameixa

Autor| Arístides Vargas
Direção| Luiz Valcazaras
Assistente de Direção| Janaina Ribeiro
Tradução| Mario Viana Elenco| Gabriela Elias e Nathalia Lorda
Cenário| Carlos Sato
Trilha Original| Kalau Figurino| Kleber Montanheiro
 Iluminação| Luiz Valcazaras
Fotos| Luigi Bricoli Produção| NG-Produtores Associados
Direção de Produção| Palipalan Arte e Cultura
Foto divulgação
    Na noite de ontem (25/06/12) estive no TUSP-SP e pude contempla esta montagem que foi extremamente feliz em sua concepção. Trata-se de um texto argentino que muito me agrada. Acho o texto por sí interessante e a encenação conseguiu fazer com que o texto se torna-se um dos elementos da composição, transformando a junção das cenas realmente em um espetáculo. As atrizes conseguiram dar luz as palavras, criando um universo particular para aquelas mulheres estagnadas no tempo, com o tempo particular proposto pelo autor. As personagens são interessantes e as particularidades de cada uma delas, propostas pelas atrizes, faz com que a imaginação do público complete as partes do cenário que não estão no palco, mas que são rapidamente preenchidas na mente de cada espectador, fazendo com que o espetáculo ganhe características peculiares e únicas para cada pessoa que está sentada na platéia. Achei um desbunde a atuação das duas atrizes, além do encanto que foi ouvir Natália cantando, realmente não sabia desses dotes da garota. O espetáculo fica em cartaz até amanhã (domingo) e recomendo para todos aqueles que admiram um espetáculo teatral criativo, dinâmico e muito bem executado.