1984 by LORIN MAAZEL
Stage by Robert Lepage
Orchestra e Chorus of Royal Opera House
Indiscutivelmente o cenário é
algo de fantástico. As formas, movimentações, cores, elementos... nunca havia
visto algo tão extraordinário em cena. A forma musical de contar a história,
ainda que eu não compreenda nem metade do que é dito, através da encenação é
possível captar muito. Mas creio que isto se deva muito mais a sonoridade,
cores e transformações dos elementos em cena, isso até mais do que pela
representação cênica dos atores. A voz surpreende nas cenas, isso sem falar da
orquestra que dá todo o tom de espetáculo. A orquestra musical, a orquestra
visual do cenário contracenando o tempo todo com os atores e com o som.
Realmente fiquei surpresa, veria
este espetáculo ao vivo, em inglês, sem falar este idioma e tenho certeza que
me maravilharia, já que o vídeo dele foi capaz de me provocar isso.
As cenas de multidões, coros, são
sem dúvida muito mais interessantes que as cenas de dialogo ou monólogo, no
entanto algumas dessas se destacam, como a da mulher que parecia uma professora
de Educação Física maluca e militar, vestida de branco, vermelho e preto. Ou a
do casal central no quarto de hotel, ou ainda quando ele chega a prisão branca
e uma prostituta gorda e ferida (que aliás é feito pela mesma atriz que faz a
professora, rouba totalmente a cena) que fica tentando seduzi-lo.
A sala de experimentos é
incrível, com cores sombrias e um aparelho de tortura que parece ter saído de
um filme pós-apocalíptico. Ao mesmo tempo em que remete a imagem de Cristo na
cruz.
O cenário com várias alturas,
andares, cores, circular e reto, dançando em cena com os atores, foi mágico!
Momentos com grandes e vários
adereços, outros com poucos e suficientes. Uma grandiosidade que contrasta com
a sutileza. Adultos e crianças, diversas vozes.
A maquiagem e o figurino também
merecem ser destacados, já que casam com a fotografia proposta. Aliás, as cenas
onde os atores parecem feridos são bastante convincentes.
Atores pendurados no cenário em
movimento, cantando, sofrendo, sorrindo, imagens ao fundo. Uma superprodução
que nunca antes eu havia tido a possibilidade de conferir, a não ser com o
Cirque Du Soleil, mas este é famoso e rico...rs
Os conflitos pessoais entre a
liberdade e o aprisionamento consciente, o detrimento da vontade, do
sentimento, da voz. Enquadramentos que no cinema seriam feitos pela câmera são
proporcionados pela construção do cenário em alinhamento com a luz e a
construção cênica.
Difícil assumir que fiquei
maravilhada.
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