O livro do desassossego - Fernado Pessoa

"Tenho mais pena dos que sonham o provável, o legítimo e o próximo, do que dos que devaneiam sobre o longínquo e o estranho. Os que sonham grandemente, ou são doidos e acreditam no que sonham e são felizes, ou são devaneadores simples, para quem o devaneio é uma música da alma, que os embala sem lhes dizer nada. Mas o que sonha o possível tem a possibilidade real da verdadeira desilusão."

segunda-feira, 19 de março de 2012

IVAN E OS CACHORROS



SITE: http://www.ivaneoscachorros.com.br/



Ontem foi a noite de assistir este espetáculo. Foi feliz por dois motivos, o primeiro de poder rever um antigo colega de faculdade e o segundo dele estar em cena, muito bem em cena. 
Pensando sobre o espetáculo: tem uma duração plausível, o ator em cena está presente a todo momento e digo presente no sentido de que ele realmente está, existe uma brincadeira com a luz e o som em off feita pelo personagem que é também o narrador e contracena com estes elementos, além de imagens que são projetadas na parede felpuda ao fundo, felpudo também é o chão, relembrando a companhia dos cães que o garoto tinha.
Percebi em alguns momentos que eu me desligava da cena e no decorrer voltava. Ao sair da sala de espetáculo fiquei pensando sobre possíveis razões para que isso ocorresse e não conseguia encontrar motivos. Foi então que me dei conta de que o sofrimento prolongado deixa de ser sofrimento para ser presente, cotidiano e era isso que eu estava vendo em cena. Em filmes europeus, principalmente do norte, existe uma particularidade na forma de contar histórias, sem os costumeiros apelos que os "hollywoodianos" fazem em seus filmes e relacionei este espetáculo a ester contar. Não havia um excesso no drama, a história estava sendo contada sem dar importância a valores que são de apenas algumas culturas. 
Em geral, me encanta este contar frio, o simplesmente contar desses filmes europeus e normalmente não rompo os laços criado com os personagens. Assim entendi o que se passou nesta relação com a cena de ontem, como a voz do personagem era constante, assim como o sofrimento dele era constante, minha atenção deixou de ser constante a ele e passou a se ligar nos outros elementos da cena e fora da dela, na platéia, que ao contrário de mim, não se desligou.
Isso porque se trata de uma peça intensa e muitas vezes respondemos a intensidade com descaso. Essa é sim uma possibilidade a ser considerada. Recomendo este espetáculo para os atores, pois Eduardo dá um banho de atuação (e banho pois ele fica encharcado), constrói cenas lindas com recurso reduzidos de cenário e iluminação. Luz essa que em alguns momentos é clara demais, penso.
É PRECISO IR AO TEATRO PARA DISCUTIR TEATRO. ASSISTAM ESSE ESPETÁCULO!



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